O AMOR SOB UMA PERSPECTIVA ESPIRITUALISTA - Projetistas em Expansão

sábado, 27 de março de 2021

O AMOR SOB UMA PERSPECTIVA ESPIRITUALISTA



     "O grau de evolução de um espírito é proporcional a sua capacidade de amar", (KARDEC,2008). Dessa maneira, subentende-se que existem vários tipos de relacionamentos assim como formas de amar e seria injusto subjugar ou desconsiderar como amor a forma com a qual um espírito menos evoluído ama, comparando-a com a de um espírito já depurado como se o outro lado fosse insignificante. Até mesmo o apego é classificado pelo budismo tibetano como amor a si, como lembra Palmo (2015, p.30). 

    Já sabemos agora que a forma de se relacionar ou pela qual se ama acompanha cada espírito em consonância com sua respectiva evolução, mas faz-se necessário enfatizar a importância desse ato. Pode se dizer que relacionamentos contribuem muito para o crescimento de um espírito aprendiz, sendo essenciais para aqueles que necessitam do progresso, como já dito no filme A Cabana, “a vida custa um bocado de tempo e um monte de relacionamentos.

    Ademais, a diferença crucial desse estado em diferentes estágios é que quando mais elevado se está, o amor nutrido e doado tende a ser menos doloroso para si e para os outros, além de ser menos voltado para o "eu". Assim, o amor é vivenciado em alto grau de evolução quando ele não mais machuca a pessoa que ama e nem aquela amada, conseguindo abranger maior número de seres. Por isso e segundo um amigo muito especial e querido, é bastante adequado mencionar que "amor também é iluminação".

    Segue adiante alguns níveis desse sentimento que aparecem por trás de relacionamentos, ambos com características que podem inclusive estar disposta simultaneamente num espírito, em menor ou maior quantidade.

 



1. O AMOR SOB A PERSPECTIVA DOS ESPÍRITOS QUE EVOLUEM JUNTOS:

 

    É um tipo de amor mútuo restrito a um conjunto pequeno de pessoas na qual se convive, se dedica e prioriza. É o caso de relacionamentos amorosos, ou relações entre família. Entenda que o produto desse amor ou relação é o adiantamento dos espíritos e aprimoramento das suas falhas, muitas vezes projetadas no outro buscando-se uma completude. Nessa fase o espírito costuma possuir muitas expectativas, tem em mente o amor que quer dar e também receber. Num relacionamento amoroso combina-se as "cláusulas do contrato" para que essa união possa ser possível para as partes, duradora e que traga o mínimo de sofrimento para si. Fidelidade e exclusividade para aqueles que não suportariam ver o ser amado com outra pessoa, ou a abertura do relacionamento para aqueles que desejam maior liberdade ou a permanência de seus estilos de vida.

    Mas o problema em quase todas as faces desse tipo de relação, é que quando há maneiras próprias de amar e se está em conjunto, diferenças costumam surgir, causando muitas divergências e até mesmo dor. Em contrapartida do que seria o mais sábio, já que é preciso exigir de cada um o que cada um pode dar, pois a autoridade se baseia na razão - "É desumano exigir do outro a entrega de algo que não lhe pertence. Não posso administrar a posse do outro, muito menos poderia administrar as suas lacunas. Assim, que eu cuide, então, das minhas carências" (SAINT-EXUPÉRY, 2015).

    Vemos, além disso constantemente, que na pior das hipóteses se alguém sai magoado ou ferido nessas relações e sente que não teve o que merecia, se não é acometido pela raiva que o impele a afetar a pessoa amada de diferentes maneiras, incorpora uma espécie de "amor próprio" inspirada até mesmo por aqueles a sua volta, que está mais para um orgulho apresentado sob muitas camadas de autoproteção. Diz-se que há de se valorizar como se já não tivesse seu valor, não quer reincidir-se, deseja-se fazer novas melhores escolhas, no entanto, a pessoa torna-se arredia e defensiva. Quando na verdade o que ela precisa é de tempo, pois "o tempo faz com que a ponta da espada perca o formato que permite o corte. Assim é a dor emocional. O tempo lhe retira o poder de ferir, restando apenas as lições que nos ensinam as cicatrizes", (Pe. Fábio de Melo).

     Outra característica que pode ser destaque aqui, é o amor descrito de modo geral pelo filósofo Spinoza, que diz que "o amor nada mais é do que a alegria, acompanhada da ideia de uma causa exterior" e "aquele que ama esforça-se, necessariamente, por ter presente e conservar a coisa que ama". Perceba o apego enraizado aqui, o amor maduro diria, "Eu te amo, por isso quero que você seja feliz. Mesmo se isso não me incluir". 

    Uma das maiores falhas e causas de insatisfações é o apego, pois a vida está sempre mudando. De acordo com Palmo, (2008) não tem o cerne sólido que sempre esperamos agarrar. Queremos segurança e acreditamos que nossa felicidade reside em estarmos seguros. E assim, tentamos tornar as coisas permanentes. Mas não existe segurança nisso, a verdadeira segurança provém apenas do conforto com a insegurança. Essa é a nossa delusão fundamental, pois é o próprio apego que nos faz inseguros e é a insegurança que nos dá a sensação de mal-estar, de desconforto.

    Por fim, podemos dizer que o sofrimento é uma característica embutida nesse nível de relação, pois ele é oriundo das falhas que possuímos como espíritos - o ego, o orgulho, a raiva, o apego, os ciúmes e todas as nossas inseguranças e medos, como o medo de perder e etc. Mas não é que o sofrimento assim como o amor não valha a pena, muito pelo contrário, é importante sermos gratos por ambos, mas cabe aqui pontuar que o tempo gasto e investido em torna-se uma pessoa melhor, acaba levando a experiências e relações também mais leves e melhores.




2. O AMOR DOS ESPÍRITOS QUE SE UNEM EM MISSÃO OU SIMPLESMENTE PRÁTICAM O BEM.

 

    É de certa forma um amor também mútuo, mas diferentemente do primeiro caso os resultados dessa união não é prioritariamente a correção das falhas do espírito. Vale lembrar que esses são espíritos mais avançados no progresso que os anteriores, mas o amor aqui ainda não é tão homogêneo, logo, por mais que se consiga expandir esse sentimento em fronteiras maiores, ele ainda está concentrado num grupo de pessoas. São espíritos unidos por afinidade energética que costumam ter a mesma causa benfeitora como objetivo, ou simplesmente acabam praticando o bem. Alguns exemplos são as relações de casais ou grupo de indivíduos que intencionam o bem ou entre mentores espirituais e encarnado com quem se trabalha desenvolvendo atividades.

    É interessante destacar que geralmente esse tipo de união não possui karmas. Dessa forma, no caso de espíritos de casais, é certo que quando desencarnados, antes de reencarnar combinarão para se encontrarem e ficar juntos. Um exemplo encontrado “são dois espíritos abnegados que cuidaram com amor por muitos anos de um asilo de idosos, com muita honestidade, caridade e paciência. Não tem por que, se é da vontade deles, separá-los” (DE CARVALHO,1993, pág.110). Mas não precisam ser exatamente espíritos bondosos como ocorre no nível  2, pois se não for por aprendizado ter de separá-los é possível que eles fiquem juntos numa próxima encarnação como é do desejo deles.

    Além disso, no que tange as relações do tópico 2 percebe-se que graças as superações de algumas falhas morais, por mais que o amor seja mútuo, nem sempre deseja-se também que ele seja sempre igual ou estagnado. Permite-se que esse amor flua, evolua e se transforme sem a existência de sofrimentos. Podemos compreender de modo mais específico o que foi dito acima, logo a seguir, pelas ideias de um mentor espiritual de um encarnado com qual no passado teve-se uma relação romântica, mas que hoje só se trabalha e assiste:


   "Podemos amar por várias vidas, mas as vezes essas tem propósitos diferentes... Às vezes o seu aprendizado e dessa pessoa seja com outrem nessa caminhada, mas sempre devemos ser grato pelo amor, é o sentimento mais puro, amar é maravilhoso. Quando se ama assim não se sente ciúmes... Porque você compreende que outras pessoas que pertenceram ao passado do dito cujo fazem parte do que você ama nele e também não sente ciúmes do futuro, porque mesmo que você esteja longe quer que exista alguém para cuidar do seu amor, nas horas tristes, nas horas que você não puder fazer, e acima de tudo você quer que a pessoa especial fique bem e deseja o melhor para ela. Esse é um pensamento difícil de despertar em nós e também cultivar, mas quando ele floresce, transpira amor, você se sente a pessoa mais feliz...porque você amou, porque você ama e ainda amará." (A pessoa que redigiu o texto, não quis se identificar)


 



3. O AMOR SOB A PERPECTIVA DE UM ESPÍRITOS DEPURADO.

 

    O amor aqui possui forma bastante homogênea e não tem-no por um número limitado de pessoas. São espíritos progredidos e já educados moralmente, que buscam ajudar o maior número de pessoas a progredirem também. Das suas provações, expiações e erros o que resta é a gratidão e a paciência com aqueles que ainda aprendem e caminham para o progresso por menos simpático que sejam, pois entende-se que o estado em que se encontra é temporário e inerente a evolução. E acima de tudo é evidente o bem-estar dos espíritos depurados, pois muita é a felicidade daqueles que já ascenderam no progresso superando suas falhas e portanto o poder de causar o próprio mau.

    A felicidade desses espíritos se constitui principalmente da superação das falhas do espirito e no amor que os une ao todo. Não se tem ódio, nem aos homens, nem aos outros espíritos, ama-se inclusive aqueles que não merecem pois sabe-se que é quando mais precisarão. É por isso que o grau de evolução de um espírito é medido pela sua capacidade de amar, pois se você consegue amar até mesmo seus inimigos já está num alto nível de evolução e aquele que consegue amar em totalidade e incondicionalmente com certeza já alcançou a depuração.


 


CONCLUSÕES:


    Desse modo, se dois espíritos conseguem evoluir juntos ou se unem para praticar o bem, ótimo. No entanto, se um espírito consegue concentrar o seu amor não só em uma pessoa, mas num número maior delas - melhor é. Pois, "Devemos amar cada vez mais a todos, tentando nos educar moralmente, progredir e ajudar o maior número de pessoas a progredirem também para o bem. Amar todos como irmãos é evoluir. E não se deve ter este amor a um número limitado de pessoas", (DE CARVALHO,1993, pág.110).

 

RESPONDENDO ALGUMAS PERGUNTAS RELACIONADAS AO ASSUNTO:

 

Almas gêmeas existem? (Visão espírita)

 

    De acordo com o livro espirita, A Casa do Escritor psicografado por Vera Lúcia M. de Carvalho pelo espirito de Patrícia:  

Almas gêmeas é uma expressão, um modo romântico para designar pessoas afins. Mesmo irmãos gêmeos na carne podem ser bem diferentes, costumamos dizer que espíritos afins são aqueles que combinam, têm os mesmos gostos e ideais e que às vezes estão juntos há muitas encarnações. Tanto podem ser bons ou maus. (DE CARVALHO,1993, pág.110).

 

O que são as falhas do espírito, expressão muito abordada no texto?


    São as nossas tendência que predispõem a infelicidade. São sentimentos nutridos por excessos e emoções destrutivas ao organismo, como: a raiva, irritabilidade, tristeza, mágoa, apego, indignação, revolta, ressentimento, frustração e etc. Portanto são falhas do espírito o vício, as imperfeições morais e o materialismo; preconceito; ambição e caprichos (orgulho); inveja e ciúme; falta de resignação; insatisfação desmedida (egoísmo); sentimento de desgosto pela vida, sem motivos que o justifiquem;(ociosidade; falta de fé; saciedade, fastio, aborrecimentos).


LEMBRE-SE: O indivíduo é o causador primário de sua própria infelicidade e “O mais rico dos homens é aquele que tem menos necessidades”. (KARDEC,2012).


Escrito por Lorrany Ohana Silva



REFERÊNCIAS


DE CARVALHO, V. L. M. A Casa do Escritor: Ditado pelo espirito de Patrícia. Brasil: Petit Editora e Distribuidora Ltda, 1993.

KARDEC, A. O Evangelho segundo o Espiritismo: Tradução de Salvador Gentile. 349 ed. São Paulo: IDE, 2008.

KARDEC, A. O livro dos Espíritos: Sandra Keppler. 6 ed. São Paulo: Mundo Maior Editora, 2012.

PALMO, J. T. No coração da vida – Sabedoria e compaixão para o cotidiano: Tradução de Jeanne Pilli e Lúcia Brito. Teresópolis: LÚCIDA LETRA, 2AB Editora LTDA, 2015.

SAINT-EXUPÉRY, A. O Pequeno Príncipe: Tradução de Frei Betto. São Paulo: Geração Editorial, 2015.  

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